terça-feira, 2 de junho de 2020

Janelas




Janelas sobre o mundo e sobre a alma.



Janela é o lugar do olhar, do infinito imaginado e do finito real.




De uma janela aberta sem pudor, sem preconceito vemos tudo, tudo o que interessa para nós, para alimentar as fomes que temos do "de dentro" e do "de fora".



De olhos e coração aberto, abrimos a janela do nosso Eu mais íntimo, por vezes fechado de timidez e reservas de privacidade
Não precisamos de escancarar essa janela discreta, apenas o bastante para receber o raio de sol do amor e da amizade de que precisamos para sobreviver, receber  a solidariedade e a entre-ajuda que nos vai permitir ser uma pessoa melhor, mais em paz consigo mesma, que nos vai ajudar a melhorar por dentro e a ser feliz, se possível... um bocadinho, pelo menos Se houver necessidade será a janela que areja a casa e vai revolver o negrume acumulado ou recém chegado, ensinar a sorrir melhor, a cantar ou a dançar às escondidas, a preencher aquela falta de aconchego humano, bem guardado no interior. 
Depois há a janela da frente, na entrada nobre virada à rua... aquela que tem um vista infinita sobre o mundo, sobre as suas mudanças, sobre as nossa esperanças de que vai mudar. É a janela da nossa ambição em olhar, ponderar, imaginar e fazer. 
Uma janela que também pode ser porta, caminho para o espaço livre... para além dela, se estende a paisagem das possibilidades em aberto, os campos de cultivo expectante da nossa capacidade de criação, onde podemos trabalhar, inventar e ajudar a fazer a diferença, diferença que terá mais impacto na vida dos outros, dos que nos rodeiam e nos são queridos e também daqueles que não conhecemos mas que, direta ou indiretamente, podem ser tocados com a nossa ação, com a ciência e os seus desenvolvimentos (se formos alguém na crista da onda da inovação e mudar das organizações com quem lidamos) ou mais modestamente porque somos seres humanos que podem ser vistos da tal janela exterior e tocar o percurso de quem nos olha de fora, de quem sente a bondade do nosso olhar e o benefício da ação, por simples que seja. O sorriso da enfermeira, a imaginação do poeta, do pintor ou do criador posto a uma janela de grande alcance vai mudar qualquer coisa - de bom ou de mau - consoante os ventos dos contextos sociais, políticos ou de guerras. 
São infinitos os horizontes dessas janelas amplas e repetitivas, que se desmultiplicam como as da imagem e vão por aí fora até ao infinito... por muitos anos depois nós, levando a poeira ínfima da nossa ação .
Janelas amarelas e belas. Lembremo-nos delas, viradas para fora ou para dentro. Porque há sempre um retorno. A satisfação do que damos aos outros, retorna a nós pelo corredor da gratidão e da satisfação pessoal. 
Amarelas como o sol e a alegria. São janelas alentejanas, sedentas de água e de amor retiradas de uma campina de calor e postas dentro da frescura de um palácio - o da Inquisição de Évora. 
Com amarelo se apaga a lembrança que o nome do palácio traz, na perspetiva profunda daquele corredor desmultiplicado em portas que são também janelas. 
Com elas se percebe uma coisa muito importante: 
A melhor maneira de multiplicar e felicidade, é dividi-la.,.
dividi-la pelos amigos e pelos amores...
















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