terça-feira, 15 de outubro de 2019

A vida

A vida é difícil para todos, mas também é bela!
pe. José Tolentino 5.10.2019.

Está sol. A felicidade podia estar aqui, mas não sei por onde anda e estou demasiado preguiçosa para a procurar.



Em frente um lago com um repuxo, lembrando que a água é vida, alegria e movimento.
Água que sobe e que desce em pequenas gotas cheias de força.
Tudo o que sobe, desce! A felicidade vira tristeza num instante.
Quando se pensa...
Mais vale não pensar, viver sem pensar, sem sentir, sem sentimentos, poucas emoções.
Se a cabeça não elaborar muitas conjecturas sobre o devir, sobre horrores esperados ( e provavelmente nunca acontecidos), então só fica o sol!
Está quente, a primavera parece ter-se demorado e estar a entrar pelo outono dentro. A pele sente-se bem: o toque de um braço querido aquece o esquerdo, calor humano, enquanto o braço direito se vai deleitando com o calor celeste. 
Que mais se pode desejar? Um banco de jardim sobre o lago e o calor em redor, por dentro e por fora. E no entanto, há um buraco de vazio que não se vê. Uma nuvem negra que pairava imaginariamente num céu completamente azul.
Paz em frente à água e logo acima o museu, preciosidades tão antigas que a nossa civilização não alcança. 
Seculos de história e cultura preservadas até nós, com tanto percalço, com tanta tragedia, dedicação e sacrifício.
Cada livro, cada peça conta uma estória atribulada, gente que fez há muito e os guardou por séculos contra invasões, ataques e intempéries. 
Vida difícil a destes manuscritos, seus donos armênios e outros povos antigos. 
E eu ainda me queixo!
De quê? Se tenho tudo para ser feliz...
Falta o amor... mas será que isso faz mesmo falta?
Falta quem goste de mim e a quem eu faça falta.
Ninguém é insubstituível e a bem dizer não faço falta nenhuma.
Se desaparecer, alguns mais próximos ficarão tristes, mas com o tempo refazem as suas rotinas sem mim.
Se fosse o contrário, se eu perdesse alguém - um amor (maior ou menor), um amigo, um afecto... também haveria de prosseguir.
Com mais ou menos sofrimento ou solidão, a vida continua ... e é bela!
Saberia viver com essa falta e encontraria prazer noutras pequenas coisas - um passeio à beira mar, uma casinha para varrer, um copo de vinho e um amigo, uma cama boa para dormir quentinha, um bom livro, um beijo amado ou desamado, um toque humano qualquer.
Porque em qualquer ser humano bom se pode encontrar aconchego.


Porque nós somos feitos de buracos para encher - se não for amor, haverá outras coisas para guardar lá dentro e fazer-nos bem ... manuscritos, escritos, poesia e sonhos.


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