sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Desilusão



A desilusão, não sendo o pior dos sentimentos, deita abaixo até quem tenta andar de pé e em frente.
Não mata, mas mói!
Há um desalento, um tom de fim.... de algo que desaba e cai.
A desilusão é uma queda e uma perda. 
Um sonho sonhado que, de repente, se tornou impossível de realizar.
É nestas alturas que penso que não devo sonhar muito, nem embarcar em fantasias.
Quem não tem expetativas também não tem desilusões.
Nada esperar, nada obter...
Não há ilusões, também não há trambolhões! 
O melhor é ir vivendo, um dia de cada vez, sem pensar muito no amanhã... é melhor assim.
Sofre-se menos.
Quem espera, nem sempre alcança.
Mais vale não esperar. Não fazer projetos, não ter objetivos, não contar com as pessoas... sobretudo, não contar com as pessoas de quem se gosta...
Mais vale não viver, não rir, não amar...
O melhor é passar pela vida meio a dormir, ir contornando os icebergs e tentar sobreviver.
Andar em frente e não pensar. Dormir...
Não fazer projetos, não ter ideias, esquecer agendas, algoritmos ou programações... nem gostar muito de ninguém.
Receber de coração aberto os amigos que se atravessarem  no nosso caminho, sem fazer perguntas, nem esperar muito deles. 
Ir vivendo, tentando sorrir e ser alegre, voando baixinho... como que sobrevoando o terreno minado das desilusões. Nunca pousar, em lado nenhum. Nunca me agarrar a pilar nenhum... vivendo só, desacompanhada e sem ilusões... para que não haja espaço para que a desilusão se instale.
Ela (a desilusão) que vá chatear outro. Eu terei de encontrar uma carapaça de indiferença para que esse mal não me atinja.
Não sei se há vacina contra essa doença (a que sou atreita) , mas conheço quem seja imune.
Felizes e sortudos aqueles que nada esperam e se limitam a ir vivendo um dia de cada vez, recebendo o que o presente lhes dá.

O que tenho ainda que andar para lá chegar! Para aprender a viver do pouco que me dão e dar-me por satisfeita, sem depender emocionalmente de ninguém, convencer-me que todos os homens e mulheres são uma cambada de egoistas, que fazem o que querem sem olhar ao sofrimento alheio ...
Eu incluída!!
Somos todos uma merda! Salvam-se alguns (poucos) santos, que sabem o que é o amor e a solidariedade . Esses não têm desilusões, perdoam e são felizes.
Como diria o Pe. Tolentino: felizes, varrendo o pátio e tirando água do poço, sem mais, em solidão !
E cada vez mais estou só e tenho de me capacitar disso, para que a desilusão não se instale e magoe tanto!

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