A casa tem alma se tivermos amor para pôr lá dentro
Há a casa-abrigo e a casa-ninho.
E as diferenças entre uma e outra são tudo, fazem ou desfazem a vida de uma
pessoa e o seu lugar no mundo.
Uma casa pode ter tudo e estar
vazia. Ou estar vazia, pobremente vestida de mobílias e de coisas, mas cheia de
alma.
Há quem não tenha casa, o que não
significa que seja um “sem-abrigo” ou viva na rua – são os que se abrigam junto
de amigos, conhecidos, tentando aconchego gratuito ou alugado… porque pouco têm
se seu. Mas têm amor para dar e essa troca de um teto por afeto parece-lhes
justa.
Há quem seduza um dono de casa para
ser dona da sua (dele) casa. Porque uma casa é tão útil, dá tanta segurança, dá
tanta riqueza a quem tem pouca sorte e pouco de seu.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXN1gUQlCUxExGj_M97yS0U0yNftjeOotDp4CYZIAQGXebisoCdUnbjpwZp5VfhQqSQ8mn2Hmvn0tP_uRKgUyp0d1iEw8MoNPmHvVyiqQ9uMuvki5V3RvlP0geE3RZogukK4pCNH-rQSo/s320/casa+1.jpg)
Há quem viva para a casa, para o património, para a sua evidência valorativa, para a beleza dos conteúdos ostentativos, para a projeção desta na comunidade dos espetadores da sua vida. Esses desconstruem a base afectiva de um lar, pensando que estão a construir uma casa.
É a casa-montra, a casa-certificado de posicionamento social, a casa-solidez patrimonial.
Há quem perceba – talvez, tarde
demais – que uma casa não se rouba, nem se conquista. E que se pode perder...
Uma casa constrói-se com
amor, com afeto genuíno, consentido, gratuito e bilateral. Uma casa com alma tem
amor lá dentro, tem bondade, partilha de interesses… é feita de boa-fé, sem
apropriação indevida, sem artifícios. Romântico e irrealista? Talvez.
Uma casa só é ninho, se for legítimo
local de habitação de amor desinteressado…. Se for um lugar a que possamos
chamar de nosso - em exclusividade ou em parceria - mas nosso por direito
próprio, esse que só a alma legitima.
Sem comentários:
Enviar um comentário