sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Morte


Há quem diga que vida há só uma !
Mentira, a Morte é que é solitariamente solteira, única e irrepetível. Uma! Apenas uma e sem retorno. Apenas uma e sem destino (para aqueles que não acreditam no que existe para além do Além).
Por ser uma e única é tão especial e assustadora, Diferente de tudo aquilo que alguma vez vimos ou soubemos,  desconhecida para cada um de nós, pois ninguém sobreviveu para contar como foi...
Única e uma.
Uma e só!



Quanto à Vida, porém... não há só uma, pode haver várias, muitas até para alguns de nós...

Podemos escolher e mudar de vida. Ou ficar apenas parados naquela vida única que nos coube em sorte.
No entanto, mesmo quietamente sentados nessa nossa única vida... ela trama-nos e trata de se desdobrar em outras vidas. A mudança é o motor natural da corrente das coisas, faz com que ela, a Vida, ela seja plural e não singular como a Morte.


Para uns, a Vida é servida em doses avantajadas, com temperos desconhecidos, inovadores, assustadores ou desafiantes. Para outros parece sempre o mesmo prato, mas nem por isso sabe mal...

Os gulosos querem sempre experimentar mais uma e outra vida ... pensando que assim enganam a morte. E a verdade é que enganam mesmo. Porque enquanto se está ocupado a organizar, a desarrumar e a tentar embelezar a vida, enquanto se combate o fastio ou a doença...está-se a viver e a morte parece tão longe ...como única e irrelevante. Ponto final!

Há quem vá vivendo e carregue mais ou menos feliz um baú cheio de vidas, de amores e de desgostos...

Há que passe por cá apenas como uma leve pena, que passa sem  pousar. Não vive, esvoaça. Porque pensava que vida era só uma... e preguiçosamente acreditou.

Há quem queira uma só vida mas como se ela fosse um grande contentor, onde cabem todas as vidinhas que viveu eque vão ainda viver, ou que ambionam ter, carregadinho de coisa que vale a pena preservar.
Esses serão os eternos insatisfeitos, porque por muito grande que seja o contentor, por maior que seja o cargueiro, o gosto desmesurado por colecionar amores e ódios, amigos e memórias, coisas boas e más, emoções e movimento vital, energia e preguiça...é muita coisa para lá caber.
E um dia, rebenta!
Quando tudo o que quer , o tudo o que tem mas pensa que não, tudo o que ambiciona não lhe chega às mãos, salta-lhe a alma para fora de si mesma...e essa pessoa transborda. Como as cheias dos rios que rebentam os diques, por demasia, por excesso de amor,por execco de água, por execsso de sentimentos, por pressa de chegar ao ma , por isto e por aquilo... pelo exagero, pela insatisfação por querer Amar com A grande....e tal coisa já não se fabrica, caiu em desuso... foi-lhe roubado, sei lá ! Só sei que não há!

Rebenta no dia em que perceber que não pode guardar tudo... que precisa de deixar peças para trás, que a explosão é provável para quem não sabe escolher, para quem não sabe ser razoável e comedida... rebenta e morre.

E depois, ponto final. Aí só há uma oportunidade, a única que é unica - Morte.

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