terça-feira, 10 de julho de 2018

Cinco Sentidos do Arco-ìris




Sinto a tua pele colada à minha, deitados no calor da sombra do chaparro.
Á nossa frente… o azul do lago.
O Alqueva derramado aos nossos pés, olha-nos, indiferente e sobranceiro.

Não o vemos. De olhos fechados, sentimos primeiro …
Sentimos o som dos pássaros que ressoa nos nossos corações, como se fosse aí o seu ninho de amor,
Sentimos o sabor dos beijos, nas amoras vermelhas, imaginadas escondidas nas silvas em redor.
E o cheiro da tua pele vem com o vento que não sopra na copa das árvores. Vem ligeiro e fácil, pegajoso e morno…

Abro os olhos quando o aroma das amoras, que não têm cheiro, se mistura com o sabor dos beijos que não foram dados… quando o calor do teu corpo, ainda afastados, me leva para um lugar líquido… é isso que sinto em mim e em torno.

Abro os olhos e vejo que afinal tudo é azul: azul como o teu toque suave e quente, azul como as amoras vermelhas e doces, azul como o piar dos pardais cinzentos, azul como o aroma da tua camisa branca aberta no peito … azul como o lago, que permanece indiferente.

Porque este azul imaginário é o sexto, o sexto de uma ordem de sentidos inversos, malcomportados, tresloucados, mas de todos aquele de que mais preciso para estar presente.

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