segunda-feira, 23 de julho de 2018

No Teu Deserto


Caminho por terreno minado, no teu deserto.

Sei que, se for por aí, terei de saltitar, correr rápido ou até talvez mesmo voar.
Não é chão seguro, nem estrada linear.

É um lugar para se estar e passar. Por isso, há que ser leve. Pisar o solo levemente, tão levemente que a poeira não surja… que os pássaros não acordem, nem desatinem os cães. Como se fosse noite e todos dormissem.

Serei tão discreta e leve que ninguém me verá, mesmo que me falem, me olhem e continuem as suas vidas.

Também pouco me importaria que me vissem ou se rissem.

Passarei sem deixar rasto… sem mostrar que estou, porque não estou!

Para que as entranhas da terra não sintam a minha existência na tua vida, para que os alarmes não disparem e as minas rebentem.

Porque sei que o chão está minado e eu a vítima-objeto, pronta a saltar, qual estilhaço a quebrar.

Definitivamente para quebrar… desistir e não voltar.

Sei que só eu me posso salvar, mas para isso terei de flutuar, deixar que o vento me transporte no ar… Sem amarras, nem sentimentos, no ar…apenas no ar…






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