quarta-feira, 14 de julho de 2021

Mais momentos

 


Descobri há dias que tudo são momentos, mas apenas tudo o que importa, nos marca e fica na memória… pelos bons e maus motivos … 

Nem todos os bocados de tempo e de espaço que atravessamos são “momentos”. Apenas os importantes são dignos desse nome. E para mim os momentos verdadeiramente classificados como tal são aqueles que transportam amor ou desamor, os que são traumáticos por resultarem de doença, morte, perdas várias … tal como são aqueles que forem tidos por vitórias, conquistas sofridas e trabalhosas - com alegria e recompensa pelo bem feito a alguém.

Momentos, com nota de bons ou de maus, foram aqueles em que houve uma entrega total, empenhada e esperançosa da minha parte, com vista a fazer alguém feliz, para retirar para mim a felicidade consequente, aquela que resulta do prazer da dádiva… que é a expressão genuína de entre ajuda e solidariedade útil. Só essa me interessa. Não me consola completamente saber que me aproximo de alguém apenas pelo prazer que eu retiro da sua companhia… sem ter a certeza (ou a esperança) de que o retorno é recíproco. Se do outro lado o retorno for frio ou indiferente, bem posso eu dar tudo o que tenho que avaliarei como fracasso toda esta minha entrega.

Seja de amor, de amizade ou de simples ajuda pontual a qualquer ser humano carecido … todos precisamos de um muito obrigada implícito, de um olhar canino e mudo de reconhecimento. Eu, pelo menos, preciso de um espelho que me devolva, como imagem, a imagem que o outro (o meu interlocutor) tem de mim.

Preciso da opinião do outro sobre a minha pessoa, mesmo que seja transmitida sem palavras . Há tanta forma de transmitir sentimentos… só com o olhar, com pequenos toques físicos, com pequenos gestos de agrado, com apoio solidário nos momentos difíceis, com compreensão pelas minhas angústias e medos, mesmo quando parecem disparatados.

Preciso de um ombro permanentemente disponível para suportar as minhas lágrimas, para dançar comigo nas horas de alegria... para subir aos céus nos dias ainda mais alegres.

Preciso de compreensão e aceitação; sei que sou original e diferente (todos somos, aliás) mas eu tenho qualidades e defeitos um pouco fora do formato pequeno burguês a que se chama normalidade. E não devo ser criticada por isso. Espero dos amigos aceitação e tolerância. Espero que relevem as minhas faltas quando sou chata e que valorizem a minha “originalidade” e qualidades várias, que as tenho… sendo a maior o talento e o gosto de amar… o jeito para o fazer benzinho…com dedicação e entrega total… até ao limite último da intimidade profunda, partilhada a dois de preferência… porque se for a 3 ou a 4 haverá barreiras a essa partilha verdadeira.  Não que seja impossivel, mas é mais limitativo...porque para proteger a intimidade de um está-se a limitar a total abertura da intimidade de outrém. Os corpos partilham-se, os tempos também, os sentimentos não se partem aos bocados mas podem ser semelhantes...agora a intimidade total não se fatia... ou se tal acontece (como julgo que me acontece) alguém fica com fome por lhe caber uma fatia insuficientemente pequena.

A menos que o bolo seja repartido não equalitariamente... que o bolo da intimidade me seja dado a mim por inteiro e o resto dividido mais ou menos assim-assim.

Isto é um sonho meu, uma fantasia possível mas tão pouco provavel com sair a sorte grande... contudo, nem tudo o que é improvável é impossível!



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