sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Sexy


O que é ser sexy?

Quando é que uma mulher deixa de ser sexy? 

Temo que ninguém me vai poder ajudar a encontrar uma resposta. 

Terei de ser eu, sozinha mais uma vez, a encontrar o porquê das coisas.

Porque ser sexy não depende só de nós , dos nossos atributos físicos, da nossa capacidade de atração, de ser capaz de seduzir, sem esforço, nem artifícios o sexo oposto.

Ser sexy é algo que trazemos conosco, que podemos até cultivar e melhorar ... mas é sobretudo aferido pelo impacto que provocamos nos outros .

No meu caso estou a pensar em homens, mas quiçá eu até possa vir a interessar a uma mulher. Não descarto nenhuma possibilidade. 

Ser sexy não é ter pernas longas, sapatos altos, corpo de estrela ou vestidos provocantes. Claro que todos estes apetrechos ajudam a fomentar o imaginário masculino, mas não chegam para se passar à prática.

Depois de despidos os adereços e a maquilhagem, numa nudez verdadeira assumida, num corpo que não sendo perfeito é muito estimado por mim... eu sinto-me sexy. Sinto que carrego a energia poderosa da atração, da alegria partilhada, sinto-me capaz de semear numa mente masculina o elixir da juventude, o interesse pela vida..  

Sei que sou sexy, se quiser e me esmerar!

Tenho força para isso, gosto pela coisa e nada me dá mais prazer do que fazer um homem sentir-se homem. Homem por inteiro, cabeça e coração em alvoroço perante o suave perfume da feminilidade.

Pode ser velho, estar cansado, ser mesmo fisicamente impotente... mas é a mente que comanda a vida, é o interesse por mim ou por outras mulheres ( ou homens se ele for doutro clube).

A sexualidade é uma coisa intrigante, misteriosa, variável ao longo da vida... mas não deve desaparecer, ninguém deve desistir dela . Parar de ter interesse pela coisa é morrer. A velhice não é desculpa!

Infelizmente, há tantos mal-entendidos sobre o assunto que muitos pensam que uma pilinha avariada é o fim de carreira... lol

Um dispare completo!

Há caminhos insondáveis que nos podem conduzir a uma sexualidade sã, descomplexada, adaptada ao ritmo de vida, que vai mudando com a idade e as rotinas domésticas. 

Que estas não sejam desculpa para a falta de interesse. 

Eu sei que posso agradar a muitos homens , eu sei que mereço ser reconhecida como sexy, por isso se alguém deixa de olhar para mim com “objeção sexual”, fico triste. Se olha com desfastio, como se eu fosse uma peça da mobília, útil e confortável, agradável se estiver calma, calada e não reclamar muito... serei apreciada, mas não me chega. 

Apreciada como uma companhia simpática, como uma boa pessoa... mas não como alguém com algum  interesse sexual é bom, mas sabe a pouco. Sentirei que sou gostada pela utilidade que tenho e não pelo ser humano que sou!

Do mesmo modo que preciso de carinho, de afagos, da ternura de uma meia idade de doçura e companheirismo, preciso de me sentir mulher.

Eu sinto-me mulher, gosto de mim e do meu corpo, sei da minha meiguice... do meu talento para amar... 

Mas tenho de admitir que posso não atrair toda a gente. Nestas coisas há um ingrediente secreto que faz com que a empatia não exista entre todas as pessoas. Há quem se ligue genuína e automaticamente - diz-se “nasceram um para o outro”, há outros porém que criam laços baseados em fatores mais físicos ou mais amorosos , sentimentais...

Todos são relacionamentos empáticos. 

Todos são válidos e gratificantes, se ambos se sentirem bem assim.

A única coisa insuportável para mim é o desinteresse pela minha pessoa, mais concretamente a indiferença, a falta daquele “piquinho a picante” que se pressente no calor de uma mão dada, porque apeteceu inopinadamente, num encosto, num afago, no prazer do contacto da pele, do sabor das mãos navegando por todas as partes queridas, das pernas entrelaçadas, de conversas soltas ou entrelaçadas nas mesmas pernas ou sob a forma de um abraço . 

Gostar disto tudo, ter imaginação para inventar combinações variadas e gostosas destas coisas todas, é ser sexy. 

E reparem que já referi muitas maravilhas de carinho ... sem falar em amor ou em sexo na sua forma mais prosaica  e limitada - penetração “toca e foge”, em versão rotineira.

Eu sei que consigo ser sexy e dar alegria e carinho  a um homem, mesmo cansado e velho. Mesmo sem sexo “tradicional”. Com ou sem Viagra...

Mas o facto de eu me sentir sexy, não significa que todos me vejam assim, até quem já me olhou, em tempos, com interesse sexual, pode sentir-se farto da rotina e querer variedade.

Não  sei se serei capaz de forçar alguém para me ver como eu acho que sou.

Os olhos dos outros é que importam. 

Talvez eu possa melhorar o meu visual, ser mais alegre e menos “complexa”, puxar mais por mim para valorizar a minha sensualidade intrínseca, dar o muito que tenho para dar em afecto e prazer. 

Mas para eu dar é preciso que haja quem esteja predisposto para o receber.

Se calhar estou a dirigir as minhas atenções para o alvo errado... que está com a cabeça noutro lado. 

Tem “novidade” e diversidade em fila de espera, precisa de alento para gozar essas benesses. 

Para mim, pode estar velho e não me achar sexy  mas acho que poderá encontrar um planalto de sensualidade tranquila, calma, feliz e excitante num promontório à beira mar, noutra companhia. Certamente o fará e aí não vai dar a desculpa da velhice. 

E deve fazê-lo se é isso que o faz feliz. Tem uma conquista difícil pela frente - as mulheres difíceis e que dão muitas negas, são as mais apetitosas - porque quando eles conseguem uma vitória nesse campo, sabe a um louvor ao seu potencial masculino. São um desafio! Uma vitória se houver sucesso. E os homens gostam de poder e de vencer.

Que melhor prenda do que receber a meio da noite uma mulher na cama, aberta para si, aquela que horas antes se fez rogada e lhe deu tampa,  mas depois retrocedeu, sucumbiu ao desejo pela sua pessoa... e rendida caiu nua nos seus braços?

Se pelo contrário, na fila de espera há uma virgem carente de afeto, desamparada e pseudo-apaixonada, pronta para tudo em troca de uma ilusão de carinho... aí, o prazer ainda é maior. Tem dois resultados bons: 

1) por um lado, ele sente que está a fazer uma boa ação, a elevar a auto-estima dela e a dar-lhe a migalha que a fará feliz, compensando assim o seu desvelo;

2) em segundo lugar, receberá belas contrapartidas de carinho genuíno , empolgada pela fantasia do amor apaixonada, aliada ao sentido trágico de que a pobre virgem desvalida, sofre e sabe ter um amor impossível. Ama pelos dois, dá tudo o que tem ao seu paxá, abre-se de pernas e braços, acredita na sorte e no fantástico futuro em que ele (o pobre tonto , ignorante nestas coisas do amor) um dia acorda e vai reparar na boa amante apaixonada. 

E o tempo passa, um amor inventado pela fantasia da precisão vira compromisso sério. Quatro anos não são apenas muitas cambalhotas alegres, são laços fortes que se podem tornar nós. 

Ser amante não é o mesmo que ser amigo. Tem a agradabilidade das benesses recebidas, mas uma ameaça de “prisão” afectiva. 

Em contrapartida e no extremo oposto, gostar de uma pessoa e ser sexy também não é garantia de se conseguir ser aceite e vista como tal. 

Portanto o que eu penso sobre mim e sobre as outras todas, não tem grande interesse para o desenrolar dos acontecimentos...

É ele que contará a estória da sensualidade condicionada, da maneira que lhe convier e a quem interessar,  é ele que se deixará gastar por quem tiver mais força  mais fome , melhor estratégia de invasão territorial e capacidade de dar a volta à pilinha e à mente de um “velho”.

Estou neste limbo de velhice falsa, forçada e explorada... mas estou porque quero!

Mais um vez a decisão é minha, de partir ou de ficar ... decidir se devo investir mais em mim, de acordar a minha sensualidade desprezada e mostrar o seu poder ... ou então, considerar que é mais prático que alguém o acorde a ele por mim.... e desligar ... deixar andar ...

A novidade e a escassez de tempo da vida com as outras, aguçam o engenho e certamente virão artilhadas para vitórias de sucesso, capazes de combater a velhice ditada pela morronice da minha rotina despretenciosa, talvez preguiçosa...

Preguiçosa eu sou, mas não estou a dormir ... e sou sexy.


PS - sou sexy para quem me entende e merece. Eu sei que ele merece, mas nem sempre me entende. Quero um velho de cabeça nova , o resto “repara-se”... se houver vontade.

Posso é não ser eu a mecânica escolhida . Há stands com grandes recursos e tecnologias. Não quero concorrer.

Quero ser eu! Sou boa, só preciso de uns saltos altos (não para ser mais sexy, mas para me verem melhor!).










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