segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A vida vive-se hoje


 

A vida vive-se hoje !
Na paisagem bucólica das margens do Rio Lizandro, roubei marmelos. Marmelos não são roubo, são nossos e da natureza. Tal como os beijos roubados pertencem a quem os dá. 
Quanto à marmelada, logo se vê. Espero fazê-la na cama, no sofá, na relva, na praia... mas não na cozinha (reservada a outros dotes).
Não vou pensar nisso, agora, porque faço intenções de provar das duas marmeladas. A vida vive-se hoje e nos amanhãs que sonharmos, com alegria e esperança. Com a doçura da marmelada, das compotas e do amor. Esse mesmo! Amor do bom, daquele que não necessita de adição de açúcar .
O meu doce sou é que o faço, saboreio e devoro... imune às declarações de velhice ou desculpas de faltas de líbido. Isso é estar morto e não ter interesse em viver a vida hoje, tal como ela se apresenta...  a vida que é tão boa... até esteve sol! Essa é para mim, que acredito e vivo o presente, com tanta força, alegria e determinação que serei capaz de afastar as estúpidas sombras da decadência libidiana (ou será libidinosa?). 
Porque sei que se eu não agarrar a pequena faísca e a atiçar... as chamas crescerão noutro terreno longe de mim.  Eu quero o fogo, o calor, o melhor, tudo aquilo que mereço e fabrico com a imaginação e a devoção que sentimentos verdadeiros tornam fáceis.
O penúltimo fim de semana já passou, tentarei esquecer... será uma nuvem escura, que passou e não deixou brilho... apenas sapatos velhos... até ao dia em que esses pobres trastes arderem, não de paixão, mas no lixo do esquecimento .
Agora estou cá eu, para brilhar e ser feliz!



quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Treinando a indiferença

 


De férias na praia, a vida vai-se vivendo em modo de realidade virtual... tudo é fluido, alegre, distante da realidade do dia a dia. 
Os problemas ficam longe, os medos meio esquecidos não assustam, sobre o futuro pensa-se mais tarde, os afectos de hoje mesmo à distância de um telefonema parecem chegados, queridos e seguros. 

A presença da sua ausência dá-me uma sensação de tranquilidade.

Estranhamente, quando volto à cidade e mergulho no real, nas contingências da minha vida tão inconstante do ponto de amoroso, o stress regressa. É a insegurança de se saber (ainda) amado, é a percepção de que ele foi sujeito a doses maçicas de amor e carinho doentiamente marcantes, bruxaria a que não é imune...  que está de barriga cheia e, como resultado, eu não faço muita falta. 

Apetece-me perguntar: então como foi? E nós como estamos depois do teu mergulho na outra piscina de água fresca de beijos quentes? O que mudou? Porque as pessoas que passam ao nosso lado, por pouco dias que sejam não nos deixam indiferentes, por muito ligeira que a relação possa ser (eu sei que é séria e perigosa!), algo muda. E quanto maior o silêncio dele, mais eu suspeito que algo mudou ... e pode vir a distorcer os caminhos que eu vejo tortuosos e complexos.

O não falar sobre o que se passou no fim de semana é sintomático de que não há coragem para contar, para não falar em sentimentos e intimidades, em mudanças sérias, nas razões profundas para que o políamos tenha voltado a estar na berlinda (a carta da Beatrice, certamente ajudou a fazer a cabeça) ... não vá o tema levar ao ciúme ou à reprimenda... não vá aguçar a dor.

O lar do qual eu intermitentemente faço parte é um lugar acolhedor e não deveria ser fonte de angústia. Não é a minha casa mas podia ser um porto de abrigo, confortável, acolhedor e amistoso. Lindo e cosy como é. Devia ter um bom feng shui. Porque tenho então tanta dificuldade em regressar e adaptar- me ao ambiente? Porque sinto que na minha ausência, algo pode ter mudado com consequências negativas para mim ...  e eu não sei.

 

Comigo, esperava e preferia abertura e transparência. Saber tudo o que vai naquelas cabeças. Como correm as suas práticas gestuais. Porque só com essas informações sinceras e abertas, eu poderei avaliar o meu lugar no meio desta vida. De outro modo, sinto-me uma intrusa que não está à vontade para viver em alegria uns dias de intimidade e amizade sólida. Á vontade e com liberdade para ser eu, a quente. Sinto-me tímida e deslocada. Sinto-me estranha numa casa, que sei não ser minha, mas onde poderia estar em paz e sentir-me confortável e desejada por aquilo que sou como ser humano. Por ser valorizada pelos meus sentimentos que são nobres, sérios e desinteressados... carregados do afeição que trago para esta relação. E que às vezes tenho vergonha de expressar - como gosto e me é natural - porque temo ser recebida com indiferença. Daqui só espero amor, ou pelo menos afecto amoroso numa dose razoável e digna. Algo que me acolha com dignidade. Que não me faça sentir a mais, que não me sinta como sendo uma opção pior que as outras. Não venho por inércia, nem para ocupar tempos livres, nem para fazer agenda.

O meu lugar de felicidade, pontual e controlada,  é aqui. Porque me sinto bem se houver reciprocidade. Se me receberem com gosto e com desejo... se for frouxamente acariciada ou mesmo repudiada com o argumento da velhice.

Sei que a velhice física (mecânica) não existe, com ele e neste momento. Apenas a velhice sensaborona, psicológica, de quem precisa de novidade, do picante de mulheres diferentes e capazes de surpreender pela inovacção, pela perspectiva de vir a ser uma conquista de resultado imprevisível. É alguém que carrega o glamour de uma quase ausência ou maior afastamento conjuntural. Quando veem, sendo raras... sabem melhor... trazem o exotismo e o picante... agarram-se com outra chama...

Sinto a falta dessa chama mais quente da novidade inicial, quanto tudo era novo, eu era um bem escasso, era excitante e os encontros secretos e difíceis. Esse picante poderá ser renovado, imaginação não me falta... mas as antenas estão viradas para o excêntrico das situações mais raras e potencialmente mas excitantes.

Daí que talvez esteja mais interessado em guardar o vigor físico para sessões mais importantes.

E eu de lado, atrofio e não ponho o meu potencial na mesa. Sinto-me deslocada, intrusa, chata e incompetente na cama.

Naquela mesma cama, onde outros abraços tiveram outros sabores ... certamente gostosos. 

E por isso mesmo me retraio e a frieza instala-se durante o dia, porque a noite foi morna de interesse e desejos. 

Porque eu não quero estar aqui por obrigação para marcar agenda.

Quero estar porque gostam de mim e faço falta... por sou eu, e tenho valor como ser humano que tem muito para dar... porque sou eu e sou diferente e única. E o tipo de amor que tenho para dar é sólido e real, é especial porque eu também o sou. 

Talvez esteja a investir o meu talento no foco errado. Talvez a solução seja ficar fleumaticamente indiferente ao que se passa aqui e encontrar uma alternativa, nem seja para ocupar tempos livres. 

Fazer um part-time num ambiente onde seja compreendida e amada pelo que sou, pelo meu jeito especial para amar todos e muita gente. 

Gente aberta e receptiva, sem a cabeça enxameada de investidas femininas. Enjoado de tanta meiguice, ele foge dos compromissos quentes, prefere a liberdade da frieza e segue uma via pontual e distante. Quanto mais longe, mais frio e mais livre a relação... e mais só!

Quanto mais plural, menos monopolista e compremetedora será. Nenhuma terá privilégios, nem exigências. Todas estamos na mesma situação de risco de sermos despachadas, se reclamarmos ou mostrarmos insatisfação.

Por mim, sei que sou livre de fugir daqui logo que me sinta desconfortável e caso venha a ouvir: a porta da rua é a serventia da casa!

Este lugar é algo que me atrai e me repele. Uma casa acolhedora, mas amor e uma cabana é sonho impossível... é mais uma porta de quintal que se abre à minha fuga. 

Na certeza, porém, de que não haverá lágrimas para regar o jardim. 


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Indiferença

Não encontro melhor nome para chamar ao estado de letargia e de distanciamento face à vida, às suas contingências e problemas. Um estado a prolongar-se no relacionamento com os outros... sobretudo, com aqueles que verdadeiramente importam nas nossas vidas. 

Chegar a este ponto de frieza pura e de ausência presente é talvez como chegar ao nirvana, para quem sabe e entende o que isso é. 

Está-se por cá, mas não se sentem as dores de viver...

Bom ou mau? Não sei, mas é um modo de estar, talvez com vantagens, talvez não. Uma maneira de viver em linha infinita, isenta de sensações, como o horizonte de um mar de paz, cinzento e seguro, imenso e azul.

A indiferença pode fazer a diferença entre a sensação de paz e a ansiedade.

Pode ser uma paspalhice chata, mas também um antídoto contra a inquietude, o amor, a dor de viver e todas aquelas coisas que nos desatinam por dentro. Coisas capazes de trazer alegrias e tristezas, coisas incertas, inseguras, surpreeendentes... para o bem ou para o mal. Perante a turbulência, a indiferença será a solução?

A indiferença é como uma espécie de férias (prolongáveis, se possível), um interregno, uma proteção contra o desgaste, contra os problemas, contra o medo, contra o futuro. A indiferença isola-nos, retira-nos do meio onde vivemos - agitado, fervilhante... perigoso até - e, assim, evita maiores dores.

É uma forma de branqueamento da alma inquieta, uma limpeza higiénica dos problemas e dos muitos tipos de vírus que a relação com os outros e com o mundo nos poderá trazer. Claro que se a desinfeção for muita, na água do balde vão também as paixões e as alegrias maiores.

A indiferença evita fleumaticamente os extremos - nem demasiado calor perante os afetos e a sorte, nem demasiado sofrimento para com os lados mais escuros da mente e da vida.

Ter uma camada protetora para minimizar os estragos tem como consequência não aproveitar a plenitude dos sentimentos. 

A indiferença, como modo de estar, é uma espécie de preservativo - evita acidentes mas reduz o prazer

Será que a tranquilidade só é possível para quem grangeia uma certa maneira de viver o mundo, a frio e com distância?

Será que é preciso tomar como vacina a Indiferença para sobreviver nesta selva?

Indiferença traz distanciamento (real ou sentido) e pode virar esquecimento, a prazo...

Traz frio... congela corações ardentes. Traz quietude e o bem-estar do sossego, talvez...

É bom parar, olhar o mar e pensar, por pouco tempo que seja, que o mundo real está longe... que não incomoda e não é perigoso, que as paixões não existem e não magoam... 

Que o mundo é cor-de-rosa...

Uma droga psicadélica daria os mesmos resultados, talvez, um ansiolítico moderno, também. Mas para alguns basta um banho de indiferença interior para que fiquem naturalmente protegidos dos incentivos gritantes de fora. 
Para quem consegue um certo grau de distanciamento e quietude interior, o mundo pode não ser cor-de-rosa, mas talvez não seja totalmente cinzento, pode ser azul claro desmaiado ou amarelinho casca de ovo. Para esses, certamente é melhor assim, do que viver com cores fortes: vermelho-paixão, roxo-fantasia, turqueza-alegria ou amarelo-sol. 
São cores demasiado "demanding"...
Quem quer uma maior proteção contra o mundo do amor, do compromisso e da ansiedade, deve tomar Indiferença e deixar-se ir...
Boa ideia! 
De qualquer modo, é para nos deixarmos ir que nós cá estamos: para ir sem muito esforço, nem muito gozo... ir em liberdade, sem compromisso, desabrigadamente sós...
E assim, dormir sossegado, sem insónias, pensando que amanhã não há nada para fazer, nenhum sentimento maligno para nos incomodar, nada para nos assustar... que amanhã será mais um dia de sol e de mar... para pasmar e não pensar. 


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Sexy


O que é ser sexy?

Quando é que uma mulher deixa de ser sexy? 

Temo que ninguém me vai poder ajudar a encontrar uma resposta. 

Terei de ser eu, sozinha mais uma vez, a encontrar o porquê das coisas.

Porque ser sexy não depende só de nós , dos nossos atributos físicos, da nossa capacidade de atração, de ser capaz de seduzir, sem esforço, nem artifícios o sexo oposto.

Ser sexy é algo que trazemos conosco, que podemos até cultivar e melhorar ... mas é sobretudo aferido pelo impacto que provocamos nos outros .

No meu caso estou a pensar em homens, mas quiçá eu até possa vir a interessar a uma mulher. Não descarto nenhuma possibilidade. 

Ser sexy não é ter pernas longas, sapatos altos, corpo de estrela ou vestidos provocantes. Claro que todos estes apetrechos ajudam a fomentar o imaginário masculino, mas não chegam para se passar à prática.

Depois de despidos os adereços e a maquilhagem, numa nudez verdadeira assumida, num corpo que não sendo perfeito é muito estimado por mim... eu sinto-me sexy. Sinto que carrego a energia poderosa da atração, da alegria partilhada, sinto-me capaz de semear numa mente masculina o elixir da juventude, o interesse pela vida..  

Sei que sou sexy, se quiser e me esmerar!

Tenho força para isso, gosto pela coisa e nada me dá mais prazer do que fazer um homem sentir-se homem. Homem por inteiro, cabeça e coração em alvoroço perante o suave perfume da feminilidade.

Pode ser velho, estar cansado, ser mesmo fisicamente impotente... mas é a mente que comanda a vida, é o interesse por mim ou por outras mulheres ( ou homens se ele for doutro clube).

A sexualidade é uma coisa intrigante, misteriosa, variável ao longo da vida... mas não deve desaparecer, ninguém deve desistir dela . Parar de ter interesse pela coisa é morrer. A velhice não é desculpa!

Infelizmente, há tantos mal-entendidos sobre o assunto que muitos pensam que uma pilinha avariada é o fim de carreira... lol

Um dispare completo!

Há caminhos insondáveis que nos podem conduzir a uma sexualidade sã, descomplexada, adaptada ao ritmo de vida, que vai mudando com a idade e as rotinas domésticas. 

Que estas não sejam desculpa para a falta de interesse. 

Eu sei que posso agradar a muitos homens , eu sei que mereço ser reconhecida como sexy, por isso se alguém deixa de olhar para mim com “objeção sexual”, fico triste. Se olha com desfastio, como se eu fosse uma peça da mobília, útil e confortável, agradável se estiver calma, calada e não reclamar muito... serei apreciada, mas não me chega. 

Apreciada como uma companhia simpática, como uma boa pessoa... mas não como alguém com algum  interesse sexual é bom, mas sabe a pouco. Sentirei que sou gostada pela utilidade que tenho e não pelo ser humano que sou!

Do mesmo modo que preciso de carinho, de afagos, da ternura de uma meia idade de doçura e companheirismo, preciso de me sentir mulher.

Eu sinto-me mulher, gosto de mim e do meu corpo, sei da minha meiguice... do meu talento para amar... 

Mas tenho de admitir que posso não atrair toda a gente. Nestas coisas há um ingrediente secreto que faz com que a empatia não exista entre todas as pessoas. Há quem se ligue genuína e automaticamente - diz-se “nasceram um para o outro”, há outros porém que criam laços baseados em fatores mais físicos ou mais amorosos , sentimentais...

Todos são relacionamentos empáticos. 

Todos são válidos e gratificantes, se ambos se sentirem bem assim.

A única coisa insuportável para mim é o desinteresse pela minha pessoa, mais concretamente a indiferença, a falta daquele “piquinho a picante” que se pressente no calor de uma mão dada, porque apeteceu inopinadamente, num encosto, num afago, no prazer do contacto da pele, do sabor das mãos navegando por todas as partes queridas, das pernas entrelaçadas, de conversas soltas ou entrelaçadas nas mesmas pernas ou sob a forma de um abraço . 

Gostar disto tudo, ter imaginação para inventar combinações variadas e gostosas destas coisas todas, é ser sexy. 

E reparem que já referi muitas maravilhas de carinho ... sem falar em amor ou em sexo na sua forma mais prosaica  e limitada - penetração “toca e foge”, em versão rotineira.

Eu sei que consigo ser sexy e dar alegria e carinho  a um homem, mesmo cansado e velho. Mesmo sem sexo “tradicional”. Com ou sem Viagra...

Mas o facto de eu me sentir sexy, não significa que todos me vejam assim, até quem já me olhou, em tempos, com interesse sexual, pode sentir-se farto da rotina e querer variedade.

Não  sei se serei capaz de forçar alguém para me ver como eu acho que sou.

Os olhos dos outros é que importam. 

Talvez eu possa melhorar o meu visual, ser mais alegre e menos “complexa”, puxar mais por mim para valorizar a minha sensualidade intrínseca, dar o muito que tenho para dar em afecto e prazer. 

Mas para eu dar é preciso que haja quem esteja predisposto para o receber.

Se calhar estou a dirigir as minhas atenções para o alvo errado... que está com a cabeça noutro lado. 

Tem “novidade” e diversidade em fila de espera, precisa de alento para gozar essas benesses. 

Para mim, pode estar velho e não me achar sexy  mas acho que poderá encontrar um planalto de sensualidade tranquila, calma, feliz e excitante num promontório à beira mar, noutra companhia. Certamente o fará e aí não vai dar a desculpa da velhice. 

E deve fazê-lo se é isso que o faz feliz. Tem uma conquista difícil pela frente - as mulheres difíceis e que dão muitas negas, são as mais apetitosas - porque quando eles conseguem uma vitória nesse campo, sabe a um louvor ao seu potencial masculino. São um desafio! Uma vitória se houver sucesso. E os homens gostam de poder e de vencer.

Que melhor prenda do que receber a meio da noite uma mulher na cama, aberta para si, aquela que horas antes se fez rogada e lhe deu tampa,  mas depois retrocedeu, sucumbiu ao desejo pela sua pessoa... e rendida caiu nua nos seus braços?

Se pelo contrário, na fila de espera há uma virgem carente de afeto, desamparada e pseudo-apaixonada, pronta para tudo em troca de uma ilusão de carinho... aí, o prazer ainda é maior. Tem dois resultados bons: 

1) por um lado, ele sente que está a fazer uma boa ação, a elevar a auto-estima dela e a dar-lhe a migalha que a fará feliz, compensando assim o seu desvelo;

2) em segundo lugar, receberá belas contrapartidas de carinho genuíno , empolgada pela fantasia do amor apaixonada, aliada ao sentido trágico de que a pobre virgem desvalida, sofre e sabe ter um amor impossível. Ama pelos dois, dá tudo o que tem ao seu paxá, abre-se de pernas e braços, acredita na sorte e no fantástico futuro em que ele (o pobre tonto , ignorante nestas coisas do amor) um dia acorda e vai reparar na boa amante apaixonada. 

E o tempo passa, um amor inventado pela fantasia da precisão vira compromisso sério. Quatro anos não são apenas muitas cambalhotas alegres, são laços fortes que se podem tornar nós. 

Ser amante não é o mesmo que ser amigo. Tem a agradabilidade das benesses recebidas, mas uma ameaça de “prisão” afectiva. 

Em contrapartida e no extremo oposto, gostar de uma pessoa e ser sexy também não é garantia de se conseguir ser aceite e vista como tal. 

Portanto o que eu penso sobre mim e sobre as outras todas, não tem grande interesse para o desenrolar dos acontecimentos...

É ele que contará a estória da sensualidade condicionada, da maneira que lhe convier e a quem interessar,  é ele que se deixará gastar por quem tiver mais força  mais fome , melhor estratégia de invasão territorial e capacidade de dar a volta à pilinha e à mente de um “velho”.

Estou neste limbo de velhice falsa, forçada e explorada... mas estou porque quero!

Mais um vez a decisão é minha, de partir ou de ficar ... decidir se devo investir mais em mim, de acordar a minha sensualidade desprezada e mostrar o seu poder ... ou então, considerar que é mais prático que alguém o acorde a ele por mim.... e desligar ... deixar andar ...

A novidade e a escassez de tempo da vida com as outras, aguçam o engenho e certamente virão artilhadas para vitórias de sucesso, capazes de combater a velhice ditada pela morronice da minha rotina despretenciosa, talvez preguiçosa...

Preguiçosa eu sou, mas não estou a dormir ... e sou sexy.


PS - sou sexy para quem me entende e merece. Eu sei que ele merece, mas nem sempre me entende. Quero um velho de cabeça nova , o resto “repara-se”... se houver vontade.

Posso é não ser eu a mecânica escolhida . Há stands com grandes recursos e tecnologias. Não quero concorrer.

Quero ser eu! Sou boa, só preciso de uns saltos altos (não para ser mais sexy, mas para me verem melhor!).