quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Valete de Copas



O que vale ter um amigo que espera por nós na estação de comboios? 
Vale muito e é muito agradável receber surpresas destas. Costuma dizer-se que “quem tem amigos não morre na prisão”… A mim não me salvaram do xelindró, mas simplesmente aqueceram o meu caminho até casa.

As estações são lugares românticos e a ficção tem explorado isso - sobretudo, a faceta das partidas. Despedidas sofridas, partidas sem retorno, emoções à flor da pele, dramas, saudades do futuro… enfim. 
As chegadas proporcionam menor atenção, são mais prosaicas. É chegar e andar, muitas vezes sem haver comissão de receção à espera. 

Não foi o meu caso. Tinha à minha espera um valete de copas, perfilado e fiel, pronto para me carregar as rosas e aconchegar a tarde.

Um valete um pouco desmiolado(tal como aquele ali de cima), baratinado, que virou pintura abstrata. Um valete que não me via há três meses, quando ainda na semana passada jantámos quase todos os dias.
Estas estranhas cartas de jogar, por vezes, piram. Há que jogar uma nova cartada, mais lúcida e real. 

E que venham mais comboios a apitar e mais lugares de encontro. Porque o melhor do mundo são os amigos!
Depois dos filhos e das crianças...

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