Ninguém pensa que o grupo dos poderosos precisa de ser defendido, muito menos defendido do seu semelhante do sexo oposto. Mas eu acho que sim. Os homens são o sexo oprimido, em especial os homens casados…há muito tempo. Podem não ser todos, mas será uma grande maioria de casados tradicionais e antigos. Em primeiro lugar, são oprimidos e dominados pelas mulheres, mas são-no também por si próprios, porque se submetem a mais do que seria razoável, em nome da paz e do conforto.
A liberdade tem um preço –
normalmente muito elevado – e eles preferem fingir que não sabem. Confundem
liberdade com umas horas de copos e de bola, umas tertúlias com os amigos.
Vivem esses momentos de liberdadezinha transitória para esconder as verdadeiras
falhas, que nem a si próprios confessam. Até que um dia, se apercebem que estão
presos (às suas mulheres) por um conjunto de responsabilidades e compromissos e
não por um verdadeiro elo afetivo. Há quem tenha a coragem de partir, quando
realiza que o afeto acabou e que importa encontrar outro lugar mais feliz. São
os que estão dispostos a trocar conforto por liberdade, os que preferem ficar sós
do que mal acompanhados, os que têm um coração aberto a novos afetos e não se
sentem cativos das rotinas doméstico/conjugais, cheias de vazio amoroso ou
afetivo. Uns heróis, portanto!
Mas a grande maioria permanece
no lar …
E é essa maioria
(aparentemente silenciosa) que me intriga. Porque aguentam uma relação que não
os satisfaz? Porque admitem sustentar “princesas” que não cumprem as suas
obrigações conjugais mínimas e os exploram financeiramente? São homens de
meia-idade, mas ainda em muito bom estado, saudáveis, com recursos financeiros
que lhes permitem independência, homens bons e que merecem ser felizes … Vivem
uma angústia, não assumida, de estar ao lado de uma mulher que não os satisfaz,
nem na cama nem no mimo a que todo o ser humano tem direito. Sentem-se
responsáveis por lhe prestar vassalagem, ou seja, dar conta de todos os seus
atos (exceto aquela parcela mais obscura que não podem contar, claro!), pagar
todas as suas contas, aceitar todos os caprichos e …passar muita fominha.
Porquê? Porque razão o sexo
poderoso aguenta esta sujeição? Prefere fingir que é normal ter uma mulher
egoísta e exploradora, uma mulher que se acha no direito de fechar as pernas
mas abrir-lhe a carteira. Em nome de um passado (em princípio) amoroso, em nome
de eventuais filhos que ela “lhe deu” (como se estes não fossem uma produção
conjunta)? Por causa da simpática trilogia “cama-mesa-roupa lavada”? Com medo
da velhice, da doença e da solidão?
Certamente tudo isto pesa
quando algum homem “mal tratado” em casa, ousa refletir sobre o assunto, quando
se questiona sobre a sua vida sexual tão desprezada e sobre a falta de um
mínimo de afeto.
Mas eles – o sexo oprimido –
não pensam. Ou seja, pensam pouco com a cabeça de cima… porque com a debaixo
ainda vá lá, tentam “pensar”…quando elas deixam!
Todavia, estou em crer que as
demais das vezes eles nem se questionam, nem ousam refletir sobre se a sua
vidinha chata de mal-amada é normal. Acham que é normal e que não é por egoísmo, que elas
fecham a loja demasiado cedo, com desculpas várias: menopausa, cansaço,
depressão, dores disto e daquilo…
Eles pensam que é verdade,
nunca ninguém lhes disse que o que as suas princesas têm é preguiça e egoísmo…
Uma mulher madura normal, generosa e apaixonada (ou afetuosamente dedicada ao
seu parceiro) não tem esses sintomas de “esgotamento sexual”. A idade madura é
ótima para uma mulher feliz e com um parceiro que lhe dê animo. O que as
princesas geladas têm é falta de pachorra para os seus homens. Até estão no seu
direito em querer sair de cena por fastio. O que não têm direito é a mantê-los
presos sem dar nada em troca, esperando que eles sejam uns servidores fiéis e
dedicados, enquanto vivos, e lhes deixem a pensão de reforma, um dia mais tarde.
As mulheres são mais materialistas
do que os homens – talvez por instinto de sobrevivência e de assegurar a
subsistência dos seus – e como tal dão prioridade à preservação do património
familiar, ao estatuto social de mulher casada que lhes assegura um lugar de
poder na Sociedade, ao direito ao dinheiro do marido e à correspondente
herança. Hoje mais do que nunca a pensão de viuvez é um bem material não
desprezível, vale mais do que ter quintas…que não se transformam facilmente em
dinheiro ou ter joias que, na prática, acabam por não ser vendidas quando falta
o dinheiro. A expetativa de deixar a mulher apoiada com a sua pensão (contam
morrer antes, claro) é uma das razões porque certos homens não têm coragem para
dizer NÂO às suas mulheres tiranas. Sabem que sair de casa, bater com a porta
de uma forma legal (separação ou divórcio) tem como consequência uma perda
material para elas. E têm pena delas, sentem-se responsáveis por assegurar o seu
bem-estar material, em nome de um passado mais ou menos feliz. Muitos têm também
medo, medo delas, medo daquilo que os outros vão dizer do seu desprendimento
familiar, da sua falta de sentido de responsabilidade.
Por isso, aguentam muito, por
generosidade e compreensão para com as suas princesas e por respeito para com o
que a sociedade impõe como norma. E vão dando o desconto, que elas coitadas
estão velhas, que nunca gostaram muito de sexo mesmo em novas, que se calhar a
culpa foi deles que não as ensinaram (LOL). Engraçado como até nisto eles se
julgam bons. Acham que são eles os únicos fatores do prazer feminino, os únicos
instrutores credenciados. Se algo falhou no domínio camal, a culpa é deles
porque elas coitadas, apenas nasceram com falta de jeito…
E depois pensam que elas são
todas assim e que os homens também são todos assim, acomodados como eles …Ou
seja, todas as mulheres maduras como um estereótipo: esposas tradicionais,
instaladas no seu conforto e privilégios, iguais às mulheres dos amigos, incompetentes
e/ou desinteressadas do sexo. Há que aguentar, portanto. Não imaginam que possam existir mulheres generosas, com gosto em dar e receber afeto físico e psicológico,
mulheres compinchas, mulheres empenhadas em dar prazer, alegres, não cansadas,
sem dores e achaques vários.
Quando procuram fora – porque a
fominha é muita e a falta de generosidade `da esposa dói – fazem-no,
normalmente, em busca de umas horas de prazer físico. Quando podem, não usam “ir
às meninas”, procuram alguém mais igual, mais normal - a colega ou a vizinha.
Procuram uma mulher que resolva a falta de cama e de carinho, mas também que os
faça sentir sedutores e, consequentemente, lhes melhore a auto-estima.
Em geral, estas voltinhas por
fora serão suficientes para alegrar os dias cinzentos do lar. Compensam o ter de
aturar as princesas geladas. Só que algumas princesas são verdadeiras madrastas
da Branca de Neve, não lhes chega serem pouco generosas e vagamente
desinteressadas, muitas são também dominadoras, mesquinhas e umas verdadeiras bruxas.
Algumas são capazes de controlar e fazer coação psicológicas ao melhor estilo
de uma polícia de Estado autoritário. Os métodos variam, mas são bem tenebrosos, sobretudo se, à maldade, as bruxas juntarem inteligência. E elas existem…as bruxas, como bem
sabemos!
Os homens precisam mesmo de
ser defendidos, em especial essa grande maioria de homens mal tratados e
oprimidos pelas esposas incompetentes.
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