terça-feira, 29 de março de 2016

Felicidade


Uma vida feliz é apenas uma corrente … uma sucessão de momentos felizes ou de episódios maioritariamente felizes, em que os menos agradáveis se diluem no que os outros têm de bom.

Uma vida construída com sabedoria é preenchida pelos bons momentos, aqueles que nos enchem a alma e nos ocupam os dias.
O problema das pessoas infelizes é que procuram a felicidade como se esta fosse um bem absoluto, um produto à venda no mercado, um objeto que se traz para casa e ali fica para sempre à nossa disposição.

Quem se preocupa em procurar uma vida feliz, esquece-se de viver os momentos felizes.
E se desperdiçamos as alegrias e os afetos que cada dia nos pode dar, se não vivemos os momentos felizes … a vida feliz passa-nos ao lado.

A felicidade não existe … o que existe são momentos felizes, para aqueles que os conseguem reconhecer na altura certa e os vivem com a intensidade que merecem.
Sabedoria é aprender a gozar o momento presente e, também, saber viver o prazer da espera. Ou seja, antecipar com alegria os encontros ou episódios que agendámos como potencialmente gratificantes, viver o antes o durante e o depois … para que os momentos felizes estiquem e se transformem, o mais possível, na tal corrente de felicidade.

Pessoalmente, ainda me falta muito para aprender tudo isto. Tenho de me esforçar mais por olhar para o dia de hoje e para usufruir da felicidade do momento, tirando partido das coisas simples e boas: uma mensagem a quem se quer bem, um telefonema mais longo com alguém com quem se partilham intimidades, um chazinho com um amigo(a), um bom livro, um momento de meditação a sós junto ao mar, sonhar com tudo aquilo que julgamos impossível etc… fazendo por esquecer que a felicidade maior pode não nos estar destinada.

E o que fazer com os momentos infelizes que sempre surgem? E o que fazer quando a nossa possível “felicidade” colide com a dos outros? A resposta é uma ginástica difícil para quem sempre se habituou a resistir e a pouco exigir da vida para si mesma.

Ainda estou a aprender a ter calma, a viver sem pressa, a ficar em meditação e em expetativa, a pensar também em mim…e não apenas no impacto das minhas atitudes nos outros.

terça-feira, 22 de março de 2016

Sonhos

Sonhei que me ofereciam flores, sonhei que um príncipe lindo e de sorriso maroto gostava de mim e me trazia rosas à 2ª feira ...
Que me fazia levitar e adormecer suave e cor-de-rosa numa nuvem embalada pela brisa. Só num sonho se flutua assim na irrealidade doce da vida imaginada.




Mas como em todos os sonhos, acorda-se ... e percebe-se que o idilio acabou. Fica a memória das rosas e dos abraços, dos sorrisos e das palavras, dos sentimentos surreais que enchem o coração de tudo ... de tudo mesmo, porque mais não podia lá caber. Porque estava lá tudo. Cheio de tanto, tanto, que só podia rebentar. 
Sonhar é bom, mas acordar com boas memórias também. Porque é disso que é feita a vida, de momentos felizes, daqueles que já vivemos, mas sobretudo daqueles que ainda podemos viver se soubermos chamar por eles, se formos capazes de sair de dentro de nós para os procurar no meio das flores e junto os corações bons, dos amigos que ficam para a vida.

segunda-feira, 21 de março de 2016

A gente só leva da vida...a vida que leva

"A gente só leva da vida...a vida que leva", tão verdade que até parece de La Palice, mas não é - é uma frase de uma canção do Tom Jobim.



Mas é mesmo assim, a vida que temos, a que recordamos e a que um dia (um dia muito mais tarde, claro) levaremos não sei para onde... é apenas e tão só a vida que vivemos.
A única que é ou foi a nossa, de mais ninguém e que por isso é exclusiva e irrepetível. 
Será a vida que construímos laboriosamente ou que não construímos ... se somos do género de deixar acontecer e nos limitámos a ir vivendo ...

Seja como for, só temos o que vivemos e por isso toda a responsabilidade do que amealhámos, em termos de capital vida, é só nossa. 
Temos a obrigação de viver bem: intensamente se formos apaixonados pela vida e pelo mundo que nos rodeia, calmamente se for esse o nosso ritmo, alegremente se almejarmos a felicidade...à nossa maneira, mas de um só modo - o nosso.
Viver em parceria, caminhar acompanhado é bom, se a companhia for vida em nós! 

O mais importante é caminhar com alegria, usufruir dos momentos mágicos que nos surpreendem pelo caminho, saborear as migalhas de amor que nos caibam em sorte ou as paixões aterradoras que nos ofuscam e por vezes torturam, viver com os fracassos e com as tristezas, esperando que amanhã passem, fazer das desilusões, forças para continuar ...
Importante é seguir em frente. Importante é não desperdiçar nada daquilo que recebemos em cada dia para viver, aproveitar as pequenas e as grandes alegrias, amar quem temos e quem não temos mas gostaríamos de ter, não regatear nem desejar o que nos parece inalcançável, ser feliz com pouco ...mas bom

Porque é essa a vida que levamos, porque para isso é preciso continuar a deslumbrarmos-nos com os mistérios, a olhar para o céu, num dia de sol ou numa noite estrelada, com estrelas verdadeiras ou de artifício.

Vem tudo isto a propósito da Primavera que começa, da sua luz mágica que nos enche de alegria. Que o dia de hoje seja de sol e bem vivido ... para que o leve em memória da vida que levo...

sexta-feira, 18 de março de 2016

Em defesa dos homens




Ninguém pensa que o grupo dos poderosos precisa de ser defendido, muito menos defendido do seu semelhante do sexo oposto. Mas eu acho que sim. Os homens são o sexo oprimido, em especial os homens casados…há muito tempo. Podem não ser todos, mas será uma grande maioria de casados tradicionais e antigos. Em primeiro lugar, são oprimidos e dominados pelas mulheres, mas são-no também por si próprios, porque se submetem a mais do que seria razoável, em nome da paz e do conforto.

A liberdade tem um preço – normalmente muito elevado – e eles preferem fingir que não sabem. Confundem liberdade com umas horas de copos e de bola, umas tertúlias com os amigos. Vivem esses momentos de liberdadezinha transitória para esconder as verdadeiras falhas, que nem a si próprios confessam. Até que um dia, se apercebem que estão presos (às suas mulheres) por um conjunto de responsabilidades e compromissos e não por um verdadeiro elo afetivo. Há quem tenha a coragem de partir, quando realiza que o afeto acabou e que importa encontrar outro lugar mais feliz. São os que estão dispostos a trocar conforto por liberdade, os que preferem ficar sós do que mal acompanhados, os que têm um coração aberto a novos afetos e não se sentem cativos das rotinas doméstico/conjugais, cheias de vazio amoroso ou afetivo. Uns heróis, portanto!

Mas a grande maioria permanece no lar …

E é essa maioria (aparentemente silenciosa) que me intriga. Porque aguentam uma relação que não os satisfaz? Porque admitem sustentar “princesas” que não cumprem as suas obrigações conjugais mínimas e os exploram financeiramente? São homens de meia-idade, mas ainda em muito bom estado, saudáveis, com recursos financeiros que lhes permitem independência, homens bons e que merecem ser felizes … Vivem uma angústia, não assumida, de estar ao lado de uma mulher que não os satisfaz, nem na cama nem no mimo a que todo o ser humano tem direito. Sentem-se responsáveis por lhe prestar vassalagem, ou seja, dar conta de todos os seus atos (exceto aquela parcela mais obscura que não podem contar, claro!), pagar todas as suas contas, aceitar todos os caprichos e …passar muita fominha.

Porquê? Porque razão o sexo poderoso aguenta esta sujeição? Prefere fingir que é normal ter uma mulher egoísta e exploradora, uma mulher que se acha no direito de fechar as pernas mas abrir-lhe a carteira. Em nome de um passado (em princípio) amoroso, em nome de eventuais filhos que ela “lhe deu” (como se estes não fossem uma produção conjunta)? Por causa da simpática trilogia “cama-mesa-roupa lavada”? Com medo da velhice, da doença e da solidão?

Certamente tudo isto pesa quando algum homem “mal tratado” em casa, ousa refletir sobre o assunto, quando se questiona sobre a sua vida sexual tão desprezada e sobre a falta de um mínimo de afeto.

Mas eles – o sexo oprimido – não pensam. Ou seja, pensam pouco com a cabeça de cima… porque com a debaixo ainda vá lá, tentam “pensar”…quando elas deixam!

Todavia, estou em crer que as demais das vezes eles nem se questionam, nem ousam refletir sobre se a sua vidinha chata de mal-amada é normal. Acham que é normal e que não é por egoísmo, que elas fecham a loja demasiado cedo, com desculpas várias: menopausa, cansaço, depressão, dores disto e daquilo…
Eles pensam que é verdade, nunca ninguém lhes disse que o que as suas princesas têm é preguiça e egoísmo… Uma mulher madura normal, generosa e apaixonada (ou afetuosamente dedicada ao seu parceiro) não tem esses sintomas de “esgotamento sexual”. A idade madura é ótima para uma mulher feliz e com um parceiro que lhe dê animo. O que as princesas geladas têm é falta de pachorra para os seus homens. Até estão no seu direito em querer sair de cena por fastio. O que não têm direito é a mantê-los presos sem dar nada em troca, esperando que eles sejam uns servidores fiéis e dedicados, enquanto vivos, e lhes deixem a pensão de reforma, um dia mais tarde.

As mulheres são mais materialistas do que os homens – talvez por instinto de sobrevivência e de assegurar a subsistência dos seus – e como tal dão prioridade à preservação do património familiar, ao estatuto social de mulher casada que lhes assegura um lugar de poder na Sociedade, ao direito ao dinheiro do marido e à correspondente herança. Hoje mais do que nunca a pensão de viuvez é um bem material não desprezível, vale mais do que ter quintas…que não se transformam facilmente em dinheiro ou ter joias que, na prática, acabam por não ser vendidas quando falta o dinheiro. A expetativa de deixar a mulher apoiada com a sua pensão (contam morrer antes, claro) é uma das razões porque certos homens não têm coragem para dizer NÂO às suas mulheres tiranas. Sabem que sair de casa, bater com a porta de uma forma legal (separação ou divórcio) tem como consequência uma perda material para elas. E têm pena delas, sentem-se responsáveis por assegurar o seu bem-estar material, em nome de um passado mais ou menos feliz. Muitos têm também medo, medo delas, medo daquilo que os outros vão dizer do seu desprendimento familiar, da sua falta de sentido de responsabilidade.

Por isso, aguentam muito, por generosidade e compreensão para com as suas princesas e por respeito para com o que a sociedade impõe como norma. E vão dando o desconto, que elas coitadas estão velhas, que nunca gostaram muito de sexo mesmo em novas, que se calhar a culpa foi deles que não as ensinaram (LOL). Engraçado como até nisto eles se julgam bons. Acham que são eles os únicos fatores do prazer feminino, os únicos instrutores credenciados. Se algo falhou no domínio camal, a culpa é deles porque elas coitadas, apenas nasceram com falta de jeito…

E depois pensam que elas são todas assim e que os homens também são todos assim, acomodados como eles …Ou seja, todas as mulheres maduras como um estereótipo: esposas tradicionais, instaladas no seu conforto e privilégios, iguais às mulheres dos amigos, incompetentes e/ou desinteressadas do sexo. Há que aguentar, portanto. Não imaginam que possam existir mulheres generosas, com gosto em dar e receber afeto físico e psicológico, mulheres compinchas, mulheres empenhadas em dar prazer, alegres, não cansadas, sem dores e achaques vários.

Quando procuram fora – porque a fominha é muita e a falta de generosidade `da esposa dói – fazem-no, normalmente, em busca de umas horas de prazer físico. Quando podem, não usam “ir às meninas”, procuram alguém mais igual, mais normal - a colega ou a vizinha. Procuram uma mulher que resolva a falta de cama e de carinho, mas também que os faça sentir sedutores e, consequentemente, lhes melhore a auto-estima.

Em geral, estas voltinhas por fora serão suficientes para alegrar os dias cinzentos do lar. Compensam o ter de aturar as princesas geladas. Só que algumas princesas são verdadeiras madrastas da Branca de Neve, não lhes chega serem pouco generosas e vagamente desinteressadas, muitas são também dominadoras, mesquinhas e umas verdadeiras bruxas. Algumas são capazes de controlar e fazer coação psicológicas ao melhor estilo de uma polícia de Estado autoritário. Os métodos variam, mas são bem tenebrosos, sobretudo se, à maldade, as bruxas juntarem inteligência. E elas existem…as bruxas, como bem sabemos!


Os homens precisam mesmo de ser defendidos, em especial essa grande maioria de homens mal tratados e oprimidos pelas esposas incompetentes.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Conhecimento


Procuro o desconhecido, porque o conhecido é chato!

O prazer da investigação está no processo, na busca do desconhecido, no glamour do imaginário, nas pequenas vitórias que se vão conquistando pelo caminho …não nos resultados. Depois de descoberto, tudo nos parece óbvio, vulgar e chato…

Uma biblioteca não é uma fonte de conhecimento, é um espaço de descoberta. Pode lá estar todo o conhecimento do mundo, mas não é nosso. E aquela migalha de saber que um dia será nossa, não é de mais ninguém, porque sendo descoberta por nós não é igual a outrem, é diferente, é contrária…é nova e acabada de inventar.

Criar é olhar para o mundo ao contrário … questionar o conhecimento conhecido.

Caminhar pelo prazer de andar, sem conhecer o final do caminho, mas saboreando cada passo e cada troço de paisagem…indo por ali fora…em busca de não se sabe o quê.

Pela felicidade não vale procurar, não existe! Mas caminhar vale a pena, porque é pelo caminho da descoberta que se encontram os momentos felizes (bem melhores do que a felicidade, porque se guardam na memória e ninguém nos pode tirar). 

Ficar parado é chato, muito chato mesmo...nada se aprende, não se vive, não se cria conhecimento, nem amor.

Surpresa

"Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender"
Clarice Lispector


segunda-feira, 14 de março de 2016

Era uma vez...



Era uma vez um blogue cheio de flores...e de palavras.

Este vai ser um local de alegrias, de ideias a partilhar com os amigos. Onde as flores não murchem e as alegrias não se tornem em tristezas, onde as ideias floresçam.