Quem me dera fazer um poema bom!
Um poema útil.
Um poema capaz de ser lido, entendido, engolido até às entranhas por uma alma sequiosa de palavras e de conforto.
Quem me dera saber escrever pouco e dizer muito!
De, com poucas palavras, gerar muitas ideias ou apenas uma ideia-mensagem que fizesse a diferença.
Uma palavra só, pode ser um poema se chegar ao destino certo, se for a tal… a certa. A que penetra e diz tudo, a que é nova pelo mundo que abre, a que permanece no tempo por ser de entendimento universal…
Só os grandes o conseguiram, por isso nós as lembramos.
Por serem eternamente verdadeiras… “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades…”
E sob este signo de “novas”, guarda-se todo um poema de expetativas e alegrias. Cabe lá tudo: um mundo fantástico de esperanças … um sol radiante e radioso que a expetativa da mudança comporta.
Alguém se lembra de uma mudança para pior quando lê o poema? Não!
Na mudança poética só pode estar a bem aventurança de um futuro melhor.
Alguém pensa na morte, na velhice e na doença quando lhe falam na mudança? Penso que não. Porque logo a seguir vêm as “novas qualidades”.
Um otimismo enganador certamente. Porque mudar é caminhar rumo a um destino em parte desconhecido (logo potencialmente nefasto) e em parte conhecido (há um final à nossa espera). Esta parte não tem de ser negativa. Final haverá certamente - vamos todos, um dia, para nenhures!
Mas, para quem acredita na poesia, será um final feliz.
Aquele final em que a música do filme sobe de tom, nos envolve e transporta, em que fechando os olhos sentimos o valor do beijo que nos atinge. Poesia é a palavra que se envia, se escreve ou se sente sem escrita… é o beijo musical que penetra e humedece a alma .
Muitas almas se possível… porque há tanta solidão acompanhada por aí… a deixar-se ir… a precisar de um poema humano, de um toque animal, da palavra mudança-esperança..
Tanta gente que gostaria de ajudar , que vejo deixarem-se ficar para trás por inércia, porque sim, porque não sonham, porque não leem… não rimam, porque se esqueceram de saber amar.
Fora eu poeta, escreveria para elas - uma só palavra, ou poucas mais que rimando cantassem a música precisa, o poema capaz de ressuscitar mentes amolecidas pela tristeza sem causa.
Quem me dera saber fazer um poema …
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