sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Encontros



Há lugares onde a gente se encontra e outros em que se desencontra. Connosco ou com outro alguém.
Desencontrarmos-nos de nós mesmo é bem pior do que perder um encontro com alguém.
Ao invés, encontrar o nosso eu todo inteiro, sentir que estamos bem dentro de nós, em boas condições de sanidade é algo bem agradável.
Mas esse encontro interior bem conseguido nem sempre é fácil porque quando olhamos, as mais das vezes, só vemos o que não está lá, tendemos a remarcar o negativo, as falhas, os insucessos. Reparamos, sobretudo, na falta que nos faz atingir aquilo que achamos que nos faz falta. Talvez porque a noção do que “nos faz falta” esteja mal formulada... Daí o desencontro: entre o possível e o real. Talvez porque colocamos muito alta a fasquia dos desejos e dos objetivos. 
Todavia, é bom e saudável olhar para o alto, ambicionar um pouco mais de sol, arrumar coragem para dar o passo seguinte, percorrer a estrada do desconhecido, caminhar sempre... Senão onde haveria lugar para os sonhos? Onde ficaria o irreal inatingível,  o desejável que nos dá alento para continuar a busca? Será que é bom que exista esse sol exterior longínquo e brilhante que incentiva o nosso caminho para lá do lugar dos nossos pés? Ou, pelo contrário, percorrer esse caminho ofuscado pelo seu brilho poderá ser uma fonte de desilusão e de insatisfação permanentes?
Tudo isto a propósito do embate causado pelo filme “O Meu Belo Sol Interior” -  com Juliette Binoche na busca de uma vida afetiva gratificante e equilibrada. Na sua corrida por encontrar um amor “como deve ser”, esbarra-se em sucedâneos mal amanhados... que só lhe causam perturbação.

Conclusão: não é possível ambicionar um amor cor de rosa, numa idade madura em que as motivações alheias andam tão desfasadas das nossas... Terrível! Demolidor da esperança...
Estamos condenados(as) à mediania, à monotonia, aos casos avulso, sem grande retribuição/empenho afectivo? É melhor isso do que não ter nada? Ou mais vale assumir que o príncipe encantado provavelmente não volta a aparecer? Sei lá... Há por aí uns pajens simpáticos e sérios que nos podem acompanhar no passeio, pedalando alegremente pela estrada fora...

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