quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Esquecida...




Perdeste a cueca no fundo daquela cama,
Deixaste a pantufa arrumadinha,
Do pijama, nem rasto… saltou voando no meio do repasto…

Pensei, pobre coitada, coitadinha…
Pobre de quem se abre, pensando que assim se ama.

Achei tudo isso um despautério, de uma inutilidade cruel.
Fazer de conta que ali havia, como que um leito de mel.

De que serve tentar mostrar que se é,
a quem não quer saber quem é ou não é?

De que serve molhar os lençóis de mágoas e de lágrimas, travestidas de húmidos prazeres?
Melhor seria, dares ao corpo outro uso, outros afazeres.

Para quê sentir com o coração, o que à carne pertence reconhecer?
Pôr o sexo no meio do peito, suspirando ais em vez de gritar uis!
Mudar o sentido das coisas, não é natural, é fingir
É como cantar calada, ou descer a subir.


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