terça-feira, 2 de outubro de 2018

Noite




O mundo é feito de surpresas. É isso que nos dá a cor dos dias ... ou das noites, quando é aí que o melhor da vida ocorre.
A noite é infinita, espaço de liberdade sem horas... sem fim à vista ou então ele fica tão longe que esse tempo parece infindável.
À noite é minha, sou eu que mando nela, faço o que quero . Às vezes quero dormir mas não consigo. Porque carregar no interruptor para desligar a mente não é o mesmo que apagar a luz. A mente foge e comanda. Tem mais força que o dono, que corpo cansado ou que o bom senso que nos diz: Dorme!
É tão mal empregue o tempo de dormir, quando há tanto para aprender, viver e sonhar pela noite dentro. Tanto que fazer... e tanta paz e liberdade para o concretizar como melhor aprouver.
Pode-se ler poesia ou escrever disparates, limpar a casa de banho ou espreitar o facebook.
E também amar, pensar com bondade em quem nos quer bem e pensar o que fazer para dar aos outros um pouco de mim... e pode-se ainda esgravatar nos recursos da imaginação tentando saber como ter compaixão/entendimento por quem nos faz mal.
Julgo que ninguém me quer verdadeiramente mal... simplesmente há quem me ignore ou tenha inveja ou me despreze. Não sei se isso acontece por egoísmo... ou por medo.
Lucidamente pensando, acho que ninguém me odeia, mas há quem gostasse de me ver noutro lugar, noutro espaço de vida e de afectos. Atrapalho, pronto! Estou a mais! Se me pudessem varrer, haveria por aí umas vassouras jeitosas. De todo o tipo: profissionais; concorrenciais e até afetivas. 
Atrapalho, pronto! 
Todos nós atrapalhamos alguém. Estamos sempre a meio de um caminho em choque com alguém. Por isso, há que saber manobrar as coisas, gerir o trânsito com arte, como se a vida fosse um bailado complexo, um equilíbrio de dança em pontas, arriscado cair e tropeçar no parceiro. 
Tentarei ser leve e flutuar sobre o corpo de baile, num papel difícil de prima ballerina invejada e admirada .
Enquanto durar o momento de glória, há que dançar sem pisar ninguém, respeitar e ter bondade para quem dança connosco.
Dançar com alegria e liberdade mesmo que o mestre-de-cerimónias nos tente tirar do enredo, nos transfira para o bas-fond, nos humilhe e deseje um desfecho infeliz, um fim... qualquer ...




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