segunda-feira, 24 de junho de 2024

Viva a Bondade!

 


Não é preciso ser crente para entender que o povo, otimista e sábio, tende a acreditar que o Bem prevalece sobre o Mal. 
E quase todos (com exceção de psicopatas, de mafiosos ou de outras mentes atormentadas pelo rancor ou pela vingança) acreditam que ser bom compensa.
Acreditam nas vantagens da Bondade, pensando obter, de fonte divina, os benefícios que justamente julgam merecer. Acreditam no dom da solidariedade e da entre ajuda, e por isso, esperam o retorno que lhes é devido - merecem ser felizes. 
Mesmo quando as circunstâncias da vida trazem desgostos e azares vários, ainda se sentem bons, maravilhosos e fortes para combater o pouco ou nada que o diabo lhes oferece.
Este estado idílico da vida, pessoal ou global, traz o povo mais calmo e capaz de dizer - qual miss Universo -  o que queremos é paz e amor. O Diabo que se cuide. Tem pouco para dar e quanto a tirar … isso depende de nós. Se o ouvirmos…
Ainda bem que é assim! 
Que a fantasia positiva e o otimismo utópico permaneçam na cabeça da maioria. 
Que a esperança na bondade, quer venha de cada um dos nossos semelhantes, quer seja a existente no  mundo em geral, se mantenha nos seus corações e lhes seja suficiente. 
Numa sociedade preenchida de pessimistas com o coração vazio de dádiva e de esperança… tudo será pior.
É tudo uma questão de Fé na Humanidade e em nós mesmos. Desistir de acreditar na Humanidade, pensar apenas nas guerras tão reais e cada vez mais próximas, ou na pobreza que morre literalmente à porta das nossas casas ou desprezar seres humanos que só por serem diferentes de nós constituem uma ameaça potencial , é viver sem graça, sem sentido …
É preciso ser bom, ter esperança e ter coragem, trabalhar para isso ( cada qual faz o que pode, claro), falar mais alto, para não perder o tino e não perder o escudo mental que nos protege das agruras imensas que nos rodeiam. 
Não devemos submergir aos medos globais, como a guerra ou as doenças graves, nem aos medos pessoais, como a velhice, a solidão e a falta de amor. São eles que, todos os dias,  atiram para fora do “sistema”um grande número de vencidos da vida, uma grande massa humana que não usa a bondade como alimento saudável e protetor da tristeza e da depressão. 
O “diabo” está sempre à espreita, sempre à caça e muito alerta quanto às angústias dos mal amados e dos mal fodidos, anda à procura dos desiludidos, dos desempregados, dos solitários abandonados, dos azarados e dos que se vão abaixo facilmente. 
Haja olhos para que o Homem possa estar aberto aos benefícios de ser bom, para que o homem possa  escolher em liberdade o caminho que lhe trará a felicidade possível.
Não existe a Felicidade absoluta, talvez… Mas podem existir momentos felizes … se possuirmos dentro de nós tolerância para com a diferença e bondade suficiente para os criar. 
Do “diabo”- da maldade que os rancorosos produzem para nos abater disfarçada de falinhas mansas e carinhos falsos - só podemos retirar consolo pontual ou cair num mal permanente… sobretudo se vierem disfarçadas de promessas vãs e interesseirismos obscuros. 
Traição é isto - mascarar a maldade com uma roupagem da bondade - para levar o outro ao chão, ao “tapete” da desgraça e da desilusão . Trair não é gostar de mais outro alguém ou de muita gente, com bom propósito e lealdade. 
Trair é mentir com o propósito de transformar o outro num morto sem conserto. É procurar destruir a auto-estima de um ser humano bom, para que seja possuído pelo medo - para que o “diabo” ocupe o lugar da bondade.
Viva a Bondade!
Em todas as circunstâncias porque só ela nos protege, única vacina contra quem não vem por bem. 

sábado, 1 de junho de 2024

A Gueixa e o Buraco

 


Uma vez perguntaram a um homem - com mundo, com educação, com uma vivência rica, civilizada e com algumas mulheres que marcaram a sua vida - com definiria a Mulher se tivesse de escolher entre duas definições:

- Uma mulher era para  ele uma gueixa ou um buraco? 

Ele respondeu (surpreso, mas sem pensar muito): uma Gueixa.

Lá pensou que seria esta a resposta mais limpa e delicada. 

Para mim, é a resposta mais absurda e indelicada.

Uma gueixa é uma mulher sem liberdade, submissa aos prazeres e interesses dos homens, quase uma escrava de luxo. Não é bem um ser humano, mas sim um autômato, formada e educada com requinte para “servir” o homem, seu senhor ou os homens que a ela recorrem. Está presa ao sistema, é sub-humana, face aos padrões modernos ocidentais. É uma espécie de puta fina, com predicados impecavelmente escolhidos e ajustados aos desejos dos outros, um ser sem livre arbítrio, sem hipótese de desenvolver uma personalidade própria, mas com dotes artísticos/culturais perfeitamente adquiridos, servindo sem dignidade os gostos e as ordens de seu dono e senhor. Todavia é respeitada no meio onde se insere… delicadeza deles, para melhor perpetuarem e branquearem a servidão.

E há muitas mulheres assim, mesmo que não estejamos no Japão, nem sejam gueixas, são o produto de um esquema produzido e reproduzido por homens, ao seu jeito.

- Pelo contrário, ser um Buraco é mais digno, é ser fêmea, logo um ser humano normal do sexo feminino.

Permite que a mulher se afirme, em glória, assuma o seu lugar de poder, ao mesmo título que um homem. Há igualdade em ser “buraco”, há reconhecimento da mulher como um ser humano de pleno direito. É buraco porque é fêmea, logo um ser válido e livre (se vivermos num regime político que subscreva esta condição, claro), que pode e deve ser igual ao homem com a única diferença de anatomicamente ter buraco e não pilinha.


( Obra de Gustave Courbet, que fez esta pintura para representar em versão não censurável, o seu quadro mais famoso, polêmico e “chocante” - A Origem do Mundo) , ou seja, o tal buraco de uma mulher verdadeira.