segunda-feira, 24 de junho de 2024
Viva a Bondade!
sábado, 1 de junho de 2024
A Gueixa e o Buraco
Uma vez perguntaram a um homem - com mundo, com educação, com uma vivência rica, civilizada e com algumas mulheres que marcaram a sua vida - com definiria a Mulher se tivesse de escolher entre duas definições:
- Uma mulher era para ele uma gueixa ou um buraco?
Ele respondeu (surpreso, mas sem pensar muito): uma Gueixa.
Lá pensou que seria esta a resposta mais limpa e delicada.
Para mim, é a resposta mais absurda e indelicada.
Uma gueixa é uma mulher sem liberdade, submissa aos prazeres e interesses dos homens, quase uma escrava de luxo. Não é bem um ser humano, mas sim um autômato, formada e educada com requinte para “servir” o homem, seu senhor ou os homens que a ela recorrem. Está presa ao sistema, é sub-humana, face aos padrões modernos ocidentais. É uma espécie de puta fina, com predicados impecavelmente escolhidos e ajustados aos desejos dos outros, um ser sem livre arbítrio, sem hipótese de desenvolver uma personalidade própria, mas com dotes artísticos/culturais perfeitamente adquiridos, servindo sem dignidade os gostos e as ordens de seu dono e senhor. Todavia é respeitada no meio onde se insere… delicadeza deles, para melhor perpetuarem e branquearem a servidão.
E há muitas mulheres assim, mesmo que não estejamos no Japão, nem sejam gueixas, são o produto de um esquema produzido e reproduzido por homens, ao seu jeito.
- Pelo contrário, ser um Buraco é mais digno, é ser fêmea, logo um ser humano normal do sexo feminino.
Permite que a mulher se afirme, em glória, assuma o seu lugar de poder, ao mesmo título que um homem. Há igualdade em ser “buraco”, há reconhecimento da mulher como um ser humano de pleno direito. É buraco porque é fêmea, logo um ser válido e livre (se vivermos num regime político que subscreva esta condição, claro), que pode e deve ser igual ao homem com a única diferença de anatomicamente ter buraco e não pilinha.
( Obra de Gustave Courbet, que fez esta pintura para representar em versão não censurável, o seu quadro mais famoso, polêmico e “chocante” - A Origem do Mundo) , ou seja, o tal buraco de uma mulher verdadeira.