domingo, 3 de abril de 2022

Liberdade

 


Ninguém mata a liberdade “

Citação de Zelensky, 27.3.2022


A liberdade de pensamento, claro que não. 

Quanto à liberdade de ação, essa coitada é bem difícil de manter viva. E é dessa massa que se fazem as horas, os sonos e os passos. É da ação livre ou não livre que nascem o trabalho, a criatividade possível, os amigos verdadeiros, os amores sérios… tudo.

Liberdade de pensamento é mais ou menos como amor platônico … muito lindo, mas não se come. 

Claro que sei que estou a dizer uma “enormidade” horrorosa , que qualquer pensador ou jornalista daqueles que tanto penam pela liberdade de expressão me iriam matar de ódio, chamar de retrógrada, etc… Como não me conhecem não há perigo!

E depois eu sou uma pobre velhinha, meio maluca dada a devaneios. A loucura é aceitável, portanto, até o meu desprezo pela liberdade teórica, ideológica ou política. Realmente, preocupo/me mais por coisas reais, terrenas…

E depois sou abençoada pela sorte de viver numa parte do mundo onde a liberdade de expressar é tão vulgar, tão adquirida quanto é simples esperar que saia água da torneira.

Por isso a liberdade de ação é a minha causa. A outra é (felizmente) um dado adquirido, não preciso de batalhar por ela. É ar que se respira, é grátis!

 Quanto à outra a liberdade de agir consoante os meus desejos, dotes e utilidades, é uma luta permanente. Todos os dias são de luta para conseguir ir em frente por um caminho livre… livre de escolhos , de pequenos e grandes e problemas, da censura alheia que  acaba por nos condicionar o rumo, de complicações ditadas pelo politicamente correto …

A liberdade conquista-se ao minuto, dia a dia, com muito esforço … e perde-se facilmente. É uma obra preciosa, de construção contínua e tão frágil quanto e vida.

Trocar conforto por liberdade foi das escolhas mais difíceis de fazer . Porque conseguir e preservar a liberdade é um risco e uma trabalheira sem fim…

É uma planta delicada que exige regas e cuidados esmerados, senão seca - e ficamos cheias de rugas …

A sua perda seria ficar no sofá, presa às pessoas habituais e pouco gratificantes, seria desistir de olhar para fora de mim, de subir acima dos telhados domésticos, na rota dos sonhos, adormecer na preguiça, viver em inércia e fazer de conta que isso basta.

Fácil seria ligar a tv, fazer zapping e palavras cruzadas. Cruzar os olhos nas páginas dos livros sem os ler, não pensar, dormir descansada, comer doces, engordar , envelhecer … e esquecer que a liberdade dá imensas alegrias mas muito trabalho.