domingo, 23 de março de 2025

A Bolha



Por vezes, uma palavra de sentido dúbio ou mal percebida fere a nossa sensibilidade como se de uma facada se tratasse.
A bolha caiu ontem do nada como se fosse uma pedra varada… como que empurrada por um mau vento.
 Talvez eu seja mais uma vítima da tempestade do dia (entre tantas as que andam por aí, nestes dias de fim de inverno desvairado), sou uma vítima que não consta dos tele-
jornais … porque bem vistas as coisas eu não sou importante e a pedrada não me partiu cabeça nem fez sangue. 
Não a percebi! Não teve uma causa perceptível para mim, mas o certo é não foi dita com boas intenções. Pareceu-me uma crítica à minha postura  (acusada de morar numa de bolha), pode ter sido com ou sem intenção de me magoar, mas a verdade é que dilacerou os meus frágeis interiores, atingindo um lugar onde os neurônios já andam tão doentes, que qualquer aragem lhes faz mal. 

Um abalo que depois de bem gerido até pode ser bom, se me conseguir afastar da tal origem da “bolha” que não sei bem o que é.

Eu não tinha percebido que vivia numa bolha e que isso é uma situação nefasta para alguém e se calhar até para mim. Provavelmente a culpa é minha que me meti dentro de uma bolha invisível e virtual .., 

Mas acho estranho porque a distância física e emocional já é tanta, entre mim e quem se queixa da bolha , que nem dá para perceber como ela foi criada.

Eu de bolhas percebo pouco mas julgava ser uma coisa redonda e pequenina cheia de ar. Uma espécie de campânula onde se podia ficar fechada, só ou acompanhada, numa proximidade de clausura. Uma bolha prisão, talvez.

Ou uma bolha-ninho, gaiola de portas abertas. Onde pássaros livres entram e saem quando querem , onde guardam os seus segredos escondidos nas palhinhas da cama por ambos construída ou, pelo contrário, soltam as suas histórias mais íntimas segredadas ao ouvido, em transparência e amizade, quando há confiança e alegria em partilhar intimidade. 

Enquanto não entender de que bolha sou acusada, o mais sensato é nem piar, ficar à espera … distante, fria, livre, desinteressada e alerta para não cair numa bolha má, que não é a que me convém.

Temo que o vendedor de bolhas não as anda a vender às portas e a tentar convencer potenciais interessados para saber se querem bolhas, de que tipo, etc.. Talvez se admire se encontrar alguém que odeia bolhas de qualquer tipo e apenas comprará mochilas com saco-cama, para fugir para um país sem bolhas negras…